Caminhos do Bruxo

Aonde chegaremos daqui a 10 anos. Uma das práticas pessoais advindas de estudos tanto místicos como psicológicos e de vivência é saber ter esta noção, não exatamente de tempo, mas de objetivo.A maioria dos bruxos que conheço não faz esta reflexão e nem sei se deveriam, sua vida é promovida pelas sutilezas da vida, pelos estados cíclicos de plantar, germinar, florescer e morrer, mas embora a teoria seja bela, embora a busca pela simplicidade seja o ponto auge para o bruxo, fico a pensar no futuro, aquele mesmo de forma linear, onde a sociedade esmagadora, sem remorso, aquela que nos joga num trabalho de competições e nos faz perder por vezes a esperança, a fé, que nos faz caminhar perdidos pela floresta de pedra feito zumbis... E como nós bruxos encaramos esta monstruosidade chamada sociedade atual e que muitos tem por base na hora de dizerem se neopagãos . O que eu idealizo está muito fora deste mundo, mas embora fora da minha concepção ideológica, muitos necessitam deste mundo cruel, onde alimentar uma família, onde conseguir um emprego passam a ser os únicos objetivos.Há bem da verdade, nós humanos nos maltratamos muito, somos sadomasoquistas! -risos- Com projetos mirabolantes de conquistar a liberdade, de conquistar a felicidade. Isto é muito fácil de conquistar, o problema está em manter, o problema está em crer que você, leitor, é único e todo bruxo ou não é um ser especial e com uma missão importante. Por vezes precisamos que os outros nos digam o que é melhor fazermos, mas como bons cabeças-duras que somos temos a nítida impressão que são apenas elogios e que o melhor é ter uma carreira numa multinacional, com roupas sociais, celular da moda e carro do ano, além logicamente de ter uma casa própria, mulher e filhos, digo a todos que conheço gente nessa realidade e que não são nem um pouco felizes ou libertos, o medo invade seus corações e as preocupações algemam seus pensamentos.O que pretendo nesse texto é fazer você, leitor, pensar. Eu realmente não tenho respostas, tenho dúvidas, muitas dúvidas e agradeço a cada uma por me dar a chance de correr atrás e descobrir um universo de respostas. Chega uma hora em que devemos parar e creio que cheguei nesse ápice e desaprender tudo para começar de novo, então tudo passa a não ter importância, de repente o meu emprego com salário bom passa a ser insignificante perante a doença de um filho, perante tantas outras coisas que passam desapercebidas.Conversando com meus três alunos ( os quais me vêem cair todos os dias de queixo no asfalto e levantar, que me observam nascer e morrer todo dia, que aprendem com meus erros e acertos) em volta de uma fogueira num sítio, nos sentamos e por vezes não dizemos nada ...Rimos! Rimos porque senso de humor é altamente necessário para quem já adentrou por outros mundos e realidades, porque a vida não é o que nossos olhos analisam e sim o que a nossa crença concebe.Daqui a 10 anos não importa, importa somente hoje. Pode parecer falta de objetividade, falta de projetos, mas caminhar e desejar, caminhar e arregaçar as mangas é muito melhor do que fazer planos que podem nos frustrar, é muito melhor entender o seu universo e saber o que realmente você espera da vida do que um simples desejar compatível com o que esperam de vossa pessoa.Um dia entenderemos que fazemos muito mais pelos outros do que por nós mesmos, o problema não é ser dado à causa humana, mas sim virar algo que de longe é você, de longe é a sua essência, no dia em que se descobrir não apenas como buscador, mas com alguém de missão, alguém que veio não apenas para comer, trabalhar, e viver para os outros, você alcançou mais um degrau, acessar mais um degrau não te faz superior, mas te faz consciente e na magia consciência beira a loucura, mundos de mentira se destroem, máscaras se revelam, tudo que construiu em sua vida e em seu ego passa a virar areia e aí o que lhe restará é apenas uma conversa com seu espírito e ter como disse humor para agüentar a nossa caminhada desastrosa pela terra e aprender com nossos tropeços e com toda clareza conquistada o direito de até rir deles.

Ricardo D Raco
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